sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Sobre rosa, azul e as tais coisas de meninas e coisas de meninos!

Imagem retirada do Google
Eu nunca me considerei uma feminista. Na verdade, até há bem pouco tempo eu nem sabia direito o que queria dizer ser feminista, porém de uns dias para cá...uns três dias, na verdade, acompanhado as publicações da página Para Beatriz no Facebook descobri que, em alguns aspectos, sou mais feminista do que imaginava.
Eu sempre tive certo horror dos termos 'coisas de meninos' e 'coisas de meninas'. Tinha comigo que quando eu tivesse filhos, que jamais usaria estes termos com eles.
Depois, passei a ter horror de 'rosa é cor de menina', 'azul é cor de menino' porque para mim cores são cores. Todas as cores são para todas as pessoas, para quem gostar delas, para quem quiser usá-las.
Não me lembro quando aconteceu, mas achei o máximo um 'cara' aparecer na televisão trajando uma camisa rosa claro porque a sociedade sempre foi tão machista nesse sentido que, na minha visão, ele era um vanguardista, além de um cara muito corajoso. rss
Eu não lembro quem ele era, não lembro qual foi o programa, mas isso me marcou positivamente. Pensei: caraaaaca, agora os homens podem usar rosa sem medo de serem ridicularizados! UM homem usou em rede nacional, então todos podem!
Nem consigo imaginar o tanto de piada que essa pessoa sofreu trajando camisa rosa, mas fato é que depois, ao longo do tempo, vi muitos outros homens no trabalho, na faculdade, nas ruas trajando camisa ou gravata rosa. Parecia que o mundo tinha se libertado do preconceito, mas na realidade não foi bem assim. E não é bem assim até hoje!
Voltando às cores e às coisas de meninos e de meninas, quando minha primeira filha nasceu um dia reparei que ela tinha muitas roupas azuis. Eu adoro azul e eu achava que o azul favorecia sua beleza. Muitas pessoas perguntavam porque eu usava azul na menina e eu respondia sempre: porque eu gosto e porque eu achei o macacão bonito!
Depois ela começou a crescer e a manifestar gostos. Toda vez que íamos ao Atacadão lá na Marginal Tietê, em São Paulo, logo na entrada havia uma armação de ferro dessas de colocar bolas, muito alta, com bolas de todos os tamanhos e cores. Ela tinha meses, mas se agarrava a essa estrutura e eu sempre acabava levando uma bola para ela. Uma maior, outra menor, uma colorida, outra inteira branca, uma riscadinha, outra listradinha, uma minúscula, outra enorme e assim, ao longo do tempo, ela contabilizou uma caixa de TV de 14 polegadas com algo em torno de 30 bolas. E ela brincava!
Depois, já andando, passou a querer caminhões com caçamba para brincar na areia do parquinho e, também, porque achava divertido puxar o caminhão pela cordinha como via os meninos fazendo no condomínio.
Então passei a comprar caminhões. Ela teve uns 3 grandes e alguns menores.
Nessa época passei a ter 'problemas' com as outras mães de meninas do condomínio. Havia a 'hora do parquinho' e algumas mães desciam chamando as outras mães para irem juntas. Como eu morava no térreo e tinha uma menina, era chamada também, porém quando a minha menina começou a sair puxando um caminhão pela corda ao invés de empurrar um carrinho de boneca com a boneca dentro, primeiro as mães questionaram se eu achava aquilo certo, depois pararam de me chamar.
E eu não via nada de errado em minha filha sair com um caminhão: 1. porque ele tinha pás de areia e nós íamos a um local que tinha areia (e todas as meninas queriam brincar com o caminhão dela na areia também!); 2. porque eu dirijo e para mim é normal uma menina querer brincar de carrinho reproduzindo o que vive no dia a dia quando a mãe a leva a todos os lugares dirigindo; 3. eu tenho a teoria que brinquedo é para brincar, para ajudar no desenvolvimento da criança e brincar é brincar, brinquedo é brinquedo e não tem essa de ser de menino ou ser de menina porque para mim menino e menina são cri an ças. Simples assim!
Imagem tirada DAQUI
Meu filho do meio usou um macacão que foi da irmã, metade rosa, metade azul, em dias de inverno rigorosíssimo. Ele engatinhava, o macacão era quentinho e qual o problema de usar um macacão metade rosa nele? Para mim, nenhum! Entretanto eu ouvi que colocando rosa no menino eu iria prejudicar...é, acho que foi esta a palavra que usaram...prejudicar a masculinidade do meu filho.
E eu fiquei me perguntando como eu poderia prejudicar a masculinidade de uma criança de 9 ou 10 meses? Era uma roupa. Uma roupa quentinha, aconchegante e pouco importava a cor para mim. Ele estava agasalhado e protegido do frio. Isso me bastava.
E tanto minha filha como meu filho tinham os tais 'brinquedos de menina' e os 'brinquedos de menino' mas eles nunca, nuncaaaaa ouviram de mim que não podiam brincar com os brinquedos trocados porque 'não era de menino' ou 'não era de menina'. Eles brincavam juntos de bola, de carrinho, de boneca, de fogãozinho. ele dava banho no bebê enquanto ela ia de carro fazer compras e isso, para mim, era perfeitamente normal porque o pai dava banho neles e eu ia ao mercado fazer compra, não necessariamente ao mesmo momento como eles faziam na brincadeira, mas acontecia em nossa casa, acontecia em nossa vida.
Imagem tirada DAQUI
Eu nunca acreditei que o fato de meu filho brincar de fazer comidinha (já que ele via o pai cozinhar também) ou dar banho na boneca o faria homossexual porque para mim se ele tivesse que ser, ele seria mesmo eu o obrigando a brincar com armas e com carros tipo tanques de guerra, mesmo que eu o obrigasse a brincar de polícia-e-bandido e o proibisse de tocar nos brinquedos da irmã. Eu nunca acreditei que, em comprando bolas e caminhões para minha filha que não tinha irmãos ainda, que eu estivesse incentivando a menina a ser lésbica porque eu também acreditava que se ela fosse, não seria pelos brinquedos ou pela cor da roupa que usava. Não mesmo!
Meus filhos mais velhos foram criados com liberdade, sem preconceito, sem essa de isso é para menino, aquilo é para menina e hoje, já adolescentes, eles colaboram com a casa e não tem essa de serviço de casa ser serviço de mulher porque homem também mora na casa, homem também suja e tem que colaborar.
E a caçula também é criada assim. Ela não tem um irmão com idade próxima para brincar e adora brincar com os meninos na escola porque adora correr, adora pular, adora se pendurar e os meninos a acompanham bem nessas brincadeiras. Ela joga futebol e eu pude presenciar, com imensa alegria, que eles a incluem nas brincadeiras mesmo ela sendo menina. Eles a chamam para jogar, pasme, no gol! E ela é boa goleira! Ela é naturalmente acolhida pelos meninos nas 'brincadeiras de meninos'. E eu tive problemas com isso também, porque no ano passado uma coleguinha não a deixava brincar com os meninos porque 'menina não brinca com menino'. Tivemos longas conversas a respeito disso por aqui. rss
Ela já quis (e ganhou) ovo de páscoa do Ben 10 porque tinha um relógio que mudava a voz. Ela gosta de bola e sonha em ser jogadora de futebol. Sonha em ser a futura 'Neymara' da Seleção Brasileira. Ela adora super-heróis como Os Superamigos, Superman, Quarteto Fantástico, Batman, Homem Aranha, Power Ranger! Ela veio feliz da vida de um aniversário porque a lembrancinha foi um copo do Homem Aranha e ela usou exclusivamente esse copo para tudo durante quase um mês. Ela já pediu para fazer capa de super-herói e cada dia ela era um deles.
E sim, ela tem 'brinquedos de menina', ela faz ballet, ama rosa mas prefere lilás e, além do futebol, quer fazer judô! rss
Ela vai ser lésbica por isso? Nunca! Pelas brincadeiras, pelos brinquedos, pelos esportes jamais!

Eu nunca me preocupei com a sexualidade deles, sabe? Eu quero que meus filhos sejam felizes, honestos, honrados, bem sucedidos na vida, seja ela qual for.
Tenho em meu coração que, independente de serem homossexuais, heterossexuais, bissexuais ou assexuados, serão sempre meus filhos amados, a quem eu tentei dar a melhor educação, a melhor criação, sempre dentro da liberdade de serem quem são.
Acredito que fiz deles crianças felizes, sem preconceitos, que dei a eles liberdade de brincarem sem restrições e que eles estão se tornando pessoas sem preconceito também. Para mim, é isso o que importa: que sejam felizes e que saibam respeitar os seus semelhantes independente de como sejam, independente da orientação sexual que tenham.

Vale ressaltar que a possibilidade de criar meus filhos com toda essa liberdade de se expressarem cabe, também ao meu marido, pai deles, que também nunca se mostrou contrário a nada disso e apoiava, brincava junto, achando tão natural quanto eu.

Beijos,

Cláudia


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