sábado, 29 de novembro de 2014

Desprender dói, mas é necessário!

Imagem retirada de Toca da Cotia
Eu sou o tipo de mãe que tem sempre uma guerra dentro de si entre a razão e a emoção!
Desde que minha filha mais velha entrou na escolinha aos 3 anos, se dependesse só da minha vontade ela nunca, jamais teria ido a um passeio escolar.
O primeiro passeio que ela foi levou duas míseras horas, porém eu não conseguia caber dentro do apartamento de tão agoniada. Fiquei estas duas horas andando pelo condomínio com o filho do meio no colo esperando o tempo passar, com a chave do carro nas mãos olhando o relógio a cada segundo. Situações assim fazem duas horas parecerem dois séculos.
Depois desse passeio vieram outros, depois o filho do meio entrou na escola também e a situação se repetiu. Os dois iram para os passeios juntos e eu ficava que não me aguentava em casa. Barata tonta me definia nessas situações. Eu só pensava na hora de buscar as crias.
Eles nunca dormiram fora de casa antes de entrarem na adolescência. Isso era impensável.
Saindo do âmbito escolar, a filha mais velha fez sua primeira viagem sem mim, o pai e os irmãos aos 10 anos. Ficou 5 dias fora, com os avós e a prima num cruzeiro.
Gente, para quem sofria com 1 dia, imagine o que foram 5 dias, né? Mas os menores ficaram comigo, a caçula tinha problemas de saúde que me exigiam dedicação, então deu para conciliar a dor no estômago com a vida real.
O filho do meio fez sua primeira viagem sem nós, com os avós e o primo, aos 12 anos. Também foram dias difíceis que foram engolidos pela rotina de uma criança pequena  e o consolo de a grande ter ficado.
Para mim essas experiências são muito ruins. Muito mesmo. E não é questão de falta de confiança porque se eu não confiasse eles não iriam jamais.
Passeios de escola são importantes para a autoconfiança da criança e também estão inseridos num contexto de aprendizagem do conteúdo escolar. Se a gente coloca um filho numa determinada escola a gente precisa confiar que é a melhor e precisa confiar em quem está com nossos filhos cinco dias da semana durante o ano inteiro por, no mínimo, quatro horas diárias.
Passeios com parentes como avós, tios, padrinhos ou pais dos melhores amigos também são importantes, mas que é ruim, é. Não nego.
Este final de semana estou vivendo uma nova experiência destas: é a primeira viagem da caçula sem eu e o pai.
Meu irmão e minha cunhada estão de férias e planejaram uma viagem com todos os sobrinhos. É...então! Este final de semana três dos meus três filhos estão passeando e é a primeira vez da pequena que está com 7 anos.
Foi uma semana de expectativas e ansiedades para todos, porém muito mais para ela que nunca viajou sem a mamãe. Ela ficou num misto de felicidade e pesar, ora querendo muito saber como era o lugar para onde iam, o que ia acontecer, ora falando que sentiria minha falta. Pensa que é fácil passar confiança quando o filho pequeno só falta pedir para você ir junto? Ah, mas não é mesmo! Eu a abraçava e falava: eu também vou sentir sua falta, mas são poucos dias e você vai se divertir muito.
Nada disso é mentira, né? kkk
Como 'todo mundo' ia passear eu fiz meus planejamentos também. Queria fazer um sem-número de coisas que só consigo fazer quando estou sozinha, ou que eu curto mais quando estou sozinha, mas o que foi que aconteceu? Levantei com uma dor de cabeça terrível. Visitinha do tal de Murphy, né? kkk
É possível que seja meu organismo reagindo à minha guerra interna, ou pode ser apenas uma enxaqueca comum, o fato é que apesar do mal estar que me acomete eu não me arrependo de deixar que meus passarinhos aqueçam as asas para, um dia, terem segurança de ganharem o mundo.
Eles não são meus, minhas propriedades. Eles são companheiros de jornada, seres que Deus me confiou para educar, amar, orientar e que vão seguir seus caminhos um dia. Eu e o pai somos o porto seguro para onde eles poderão voltar sempre que quiserem ou sempre que precisarem renovar as energias para novos voos, para novas experiências.
É por ter consciência disso que eu me abro para este desprendimento tão difícil de ser praticado.
A felicidade que eles chegam sempre dos passeios compensa toda a minha agonia, toda a minha barata tontisse e até a possível enxaqueca.
Sobre passeios de escola, uma confidência: mesmo depois de todos estes anos eu ainda choro vendo o ônibus partir, mas tudo bem. Sou chorona, mesmo! ahaha

Como eu poderia privá-la de tamanha felicidade?


E com esta imagem eu sigo esperando as horas passarem para que o dia de amanhã, juntamente com o retorno deles, chegue para encher novamente minha casa e minha vida.

Cláudia